Aparentemente, porém, os gestores do PROSUB, sigla do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da MB, conseguiram evitar que os abalos sofridos pela megaempreiteira tivessem impacto significativo no programa. Tomazela observa que a conclusão do modelo do submarino equipado com o reator nuclear projetado e construído no CTM marcará o segundo grande avanço do programa nuclear da Marinha, após o domínio da tecnologia de enriquecimento de urânio, oficialmente anunciada em 1988. Os 30 anos da inauguração da usina de enriquecimento de urânio no CTM serão lembrados no próximo dia 8 de junho, com a presença do presidente Michel Temer e seu colega argentino Mauricio Macri, lembrando o ato simbólico de três décadas atrás, quando o então presidente José Sarney convidou Raúl Alfonsín para participar do evento, como forma de afastar as desconfianças mútuas dos dois países na área nuclear. Objetivo do programa nuclear é gerar conhecimento Em uma análise que acompanha a reportagem, o jornalista Roberto Godoy, especialista em assuntos estratégicos e militares, faz uma interessante avaliação sobre o programa nuclear da MB, que considera muito bem-sucedido e cujos trechos principais reproduzimos a seguir: “A rigor, acumula conhecimento sensível suficiente para dar ao País a capacidade de produzir armas nucleares – das quais o Estado brasileiro abdicou na Constituição de 1988 por meio de uma cláusula pétrea (artigo 21, inciso XXIII) – em tempo relativamente curto, coisa de um ou dois anos a contar de um eventual sinal verde. “As tecnologias que o Brasil adota permitiram o controle de todo o complexo ciclo do enriquecimento de urânio, uma forma de separar partículas atômicas usando máquinas de ultracentrifugação avançadas, criadas por especialistas da Marinha. “A meta do programa, além de suprir a demanda dos futuros submarinos de propulsão nuclear da frota naval, é expandir a investigação científica independente nesse campo, facilitando o fornecimento de isótopos para uso em medicina e a construção das ultracentrífugas empregadas na produção de combustível para os reatores das usinas geradoras de energia. “O projeto, talvez, seja a única iniciativa do gênero no mundo operada por uma organização militar que é submetida às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), de Viena, e da Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEN), ambas entidades civis.” |