O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, desfechou um dos mais duros golpes já experimentados pelo aparato ambientalista-indigenista internacional em toda a sua longa história de intervenções antidesenvolvimentistas em dezenas de países. Na sua tradicional entrevista coletiva quase diária, em 28 de agosto, AMLO, como é mais conhecido o mandatário, acusou as organizações não-governamentais (ONGs) mexicanas de receber fundos estrangeiros para fazer campanha contra o Trem Maia, uma das principais obras da sua gestão e um dos maiores projetos de infraestrutura realizados no país em décadas.
“Tenho informação de que todas as organizações supostamente independentes, não-governamentais, da chamada sociedade civil, recebem dinheiro, algumas do estrangeiro, para se oporem à construção do Trem Maia”, disse ele (Diario ContraRéplica, 28/08/2020).
No evento, o porta-voz da Presidência da República, Jesús Ramírez Cuevas, mostrou um quadro listando as ONGs engajadas na campanha e suas fontes de financiamento. As ONGs são:
– Consejo Civil Mexicano para la Silvicultura Sostenible (CCMSS);
– Due Process of Law Foundation (DPLF);
– Centro Mexicano de Derecho Ambiental (CEMDA);
– Animal Político;
– Indignación, Promoción y Defensa de lós Derechos Humanos;
– Consejo Indígena y Popular de Xpujil (CRIPX);
– Diálogo y Movimiento (DIMO);
– Mexicanos contra la Corrupción y la Impunidad;
– México Evalúa.
Segundo o jornal El Heraldo de México (28/08/2020), o CRIPX e a Indignación conseguiram paralisar as obras de dois trechos do projeto, por meio de medidas judiciais.
O quadro aponta os financiadores externos das ONGs:
– W.K. Kellog Foundation;
– Ford Foundation;
– ClimateWorks Foundation;
– National Endowment for Democracy (NED);
– Rockefeller Foundation.
Ou seja, estamos diante do conhecido esquema de intervenção política antinacional e antidesenvolvimentista que este Alerta denomina a “Máfia Verde”, o qual temos denunciado desde o início da publicação deste boletim, em 1992. No caso, como diz um ditado brasileiro, só muda o endereço.
Na entrevista, López Obrador cobrou: “Eu gostaria que essas organizações assinaladas e as empresas que lhes dão dinheiro esclareçam se é certo ou não, porque se disfarçam por dinheiro de ambientalistas, se disfarçam também por dinheiro de defensores de direitos humanos.”
A reportagem do El Heraldo dá mais detalhes sobre as doações recebidas pelas ONGs:
– CRIPX: US$ 565.377;
– CEMDA: US$ 1,3 milhão;
– DIMO: US$ 420.580;
– DPLF: US$ 2,4 milhões;
– Indignación, Promoción y Defensa de los Derechos Humanos: US$ 620.570;
– CCMSS: US$ 7,7 milhoes.
Outros doadores citados pelo jornal são a Fundação Heinrich Böll, do Partido Verde da Alemanha, e o Fundo de Oportunidades Globais do Ministério de Assuntos Exteriores do Reino Unido.
No vídeo da coletiva, López Obrador se refere ao assunto entre 1:22.00-1:24:00 e entre 1:40.00-1:47.00.
O Trem Maia é uma ferrovia de 1.554 quilômetros que se estende pelos cinco estados da Península de Yucatán, para transporte de cargas e passageiros. O projeto, orçado em cerca de 7 bilhões de dólares, teve início em 2018 e deverá iniciar as operações em 2024.
A iniciativa de López Obrador é um dos mais contundentes desafios à “Máfia Verde”, que, como no Brasil, atua há décadas no país, investindo com ênfase especial contra projetos hidrelétricos. Oxalá o seu exemplo seja seguido por outros governantes.
Vale recordar que, no início de 2020, foi lançada no México a terceira edição do livro Máfia Verde: ambientalismo, nuevo colonialismo, publicado pela Capax Dei Editora, com um capítulo sobre as operações do aparato “verde-indígena” no país.