Como os arqueólogos descobriram pouquíssimos artefatos nos locais, a suspeita é que as estruturas – que se estendem por 13.000 quilômetros quadrados – não foram construídas para criar cidades ou por razões de defesa. Em vez disso, eles acreditam que os humanos alteraram florestas de bambu e criaram clareiras pequenas e temporárias, “concentrando-se em espécies de árvores economicamente valiosas, como palmeiras, criando uma espécie de ‘supermercado pré-histórico’ de úteis produtos florestais”, destaca o estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS, 6/02/2017). O estudo se baseou em técnicas inovadoras usadas para reconstruir cerca de 6.000 anos de histórico da vegetação e de fogo ao redor de dois sítios contendo geoglifos. Watling, que realizou a pesquisa enquanto estudava na Universidade de Exeter, na Grã-Bretanha, disse que as descobertas mostram que a região não foi intocada pelos humanos no passado, contrariando a crença popular. No entanto, fazendo uma concessão à visão prevalecente sobre a alegada fragilidade dos ecossistemas amazônicos, observou: “Nossa evidência de que as florestas amazônicas foram manejadas por povos indígenas muito antes do contato com os europeus não deveria ser usada como justificativa para as formas destrutivas e insustentáveis de uso do solo praticadas hoje.” “Deveria, ao contrário, servir para destacar a engenhosidade dos regimes de subsistência no passado que não levam à degradação florestal e a importância dos povos indígenas na descoberta de alternativas mais sustentáveis para o uso do solo”, concluiu (Amazonia.org.br, 7/02/2017). |