Em mais uma demonstração do incômodo que o presidente russo Vladimir Putin causa aos altos círculos financeiros de Nova York, o Wall Street Journal destilou ironia junto aos seus leitores, na edição de 31 de março. Para o tradicional porta-voz da alta finança estadunidense, o líder do Kremlin foi o grande vencedor das recentes eleições departamentais na França, cuja maioria de votos (54,6%) favoreceu os partidos de direita, que têm uma “atitude positiva” frente às políticas do presidente russo.
A União por um Movimento Nacional (UMP) do ex-presidente Nicolas Sarkozy levou 29,4% dos votos no primeiro turno. Sarkozy tem dito que as atuais tensões entre a Rússia e a União Europeia (UE) constituem uma “tragédia”. A Frente Nacional de Marine Le Pen recebeu a preferência de quase 25% do eleitorado. Le Pen, que já é apontada como uma das favoritas para as eleições presidenciais de 2017, é favorável a uma cooperação com a Rússia, nos setores energético e militar, e propõe a saída da França da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Ironia à parte, o colunista John Vinocur não deixou de observar que os resultados eleitorais sugerem que a maioria dos franceses sente falta de um líder forte, como o mandatário russo.