Rex Nazaré é especialista em engenharia nuclear pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutor em física pela Universidade de Paris. Professor em cursos de pós-graduação e conferencista emérito da Escola Superior de Guerra (ESG), integrou diferentes organismos estatais ligados ao desenvolvimento científico e tecnológico nacional. Na área nuclear, foi presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), membro do Conselho de Administração da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e, nas décadas de 1970 e 1980, coordenou o Programa Nuclear Paralelo. Atualmente, é colaborador da presidência da Eletronuclear. Para Rex Nazaré, a história do desenvolvimento de tecnologia nuclear no Brasil está ligada diretamente à busca por independência. “Soberania a gente não planta. A gente conquista, vai aos pouquinhos”, afirmou. “Se pensarem que destruíram o sistema fazendo o que fizeram com a Eletronuclear, eu diria: eles [Eletronuclear] têm um time de rapazes jovens e mais maduros com capacidade, experiência e condições para fazer. E eu sei porque estou lá. Nós temos uma performance maravilhosa de eficiência em Angra 1 e 2. Isso não se consegue simplesmente jogando flores e beijinhos ao léu. Isso se consegue lutando”, disse. Para ele, a imprensa deveria ser uma aliada na recuperação da soberania nacional em um momento de graves ataques, como os atuais planos do governo federal de privatizar o grupo Eletrobras, do qual a Eletronuclear faz parte. “Há um interesse muito grande para que a reserva brasileira de urânio não seja expandida. E eu diria que talvez seja até vantajoso, no momento em que temos um governo que vende as coisas por preços muito mais baratos, que não saibam demais sobre as nossas reservas”, criticou o cientista. No resgate histórico, a criação no final da década, em 1978, do Programa Nuclear Autônomo, também conhecido como Programa Nuclear Paralelo, cujos objetivos eram o enriquecimento e reprocessamento do combustível nuclear e que envolveu as principais instituições de desenvolvimento de ciência e tecnologia, civis e militares, no Brasil, buscando a total autonomia no ciclo do combustível nuclear. Rex Nazaré considera também que a tragédia de Alcântara, no Maranhão, que matou 21 técnicos altamente qualificados e paralisou o programa espacial brasileiro, é um exemplo a ser lembrado em todos os momentos em que uma massa crítica de pesquisadores brasileiros se reunirem em torno de um projeto tecnológico nacional, autônomo, na fronteira do conhecimento. Reiterando seu compromisso com o Brasil, afirmou: “Hoje eu diria que me orgulho muito de ver aqui alguns colegas, e filhos de colegas, e ver que realmente estamos juntos, que a qualquer momento uma porta se abre. Vale a pena continuar lutando! Eu entro às 8 da manhã na Eletronuclear e saio às 17h. Exceto nas terças-feiras, quando dou aula de graça no IME. Por uma razão muito simples: eu acho que é obrigação minha.” Para Celestino, a palestra foi uma “aula de brasilidade”. “Uma aula do que deve ser o nosso comportamento em qualquer regime, em qualquer governo: defender o que é nosso, defender as nossas conquistas, defender o nosso patrimônio. Rex Nazaré é um exemplo disso. Atravessou diferentes regimes e governos, passou por vários presidentes da República e nunca perdeu a coerência, nunca perdeu a fé neste país que é um dos maiores países do mundo, que tem uma das maiores populações do mundo e uma das maiores reservas e recursos naturais do planeta e que, por tudo isso, tem que ter uma proposta nacional, uma proposta soberana, que atenda aos interesses do seu povo”, finalizou o presidente do Clube de Engenharia. Para assistir à palestra na íntegra, acesse o canal do Clube de Engenharia no Youtube: Parte 1 Parte 2 |